segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

CHEGOU O VERÃO 2016!

Na madrugada de segunda para terça (21/12/2015) começa o verão no hemisfério Sul do planeta Terra. Na teoria, o que acontece é o seguinte:


Os raios solares são mais intensos no trópico (de Capricórnio), um pouco menos intensos na linha do Equador e muito mais fracos no hemisfério Norte, onde começa o inverno. Lá no final de março de 2016 esse movimento mudará, quando começar o equinócio de outono no Sul.

Isso é o que acontece na teoria. Na prática, o que acontece é um calor intenso, com sérios danos respiratórios em parte da população. O consumo de energia elétrica atinge seus maiores picos e, quando chove pouco, a poluição atmosférica chega a níveis insuportáveis. Pessoas e animais sofrem, e buscam refrescar-se da maneira que podem.



Na região Sul, já que é época de El Niño, as temperaturas devem manter-se amenas e as chuvas constantes.

Uma consequência do aumento das chuvas é o aumento dos reservatórios das hidrelétricas, o que vai garantir o fornecimento de energia elétrica  para o país sem cortes e racionamentos.

Outra consequência do aumento das chuvas nessa época do verão, é que a safra de uva para sucos e vinhos não deve ser tão boa e as vinícolas do Sul precisarão equilibrar artificialmente o gosto de seus premiados vinhos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A Dilma e o impeachment - desvendando o cenário político brasileiro

Essa semana teve babado forte no Congresso brasileiro! O deputado Eduardo Cunha aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment contra a Presidenta Dilma. O processo foi aberto pelo Tribunal de Contas da União. A União é uma entidade política acima dos estados e o TCU é um Tribunal que não é ligado a nenhum outro dos três poderes: nem o legislativo, nem o judiciário, nem o executivo. É o que se chama de um órgão independente. Nem por isso, deixa de ter influência política. Joaquim Barbosa, por exemplo, chamou o TCU de “playground de políticos fracassados”.
Abertura de processo não significa que ela foi condenada e sim que vai ser investigada. Por que ela será investigada? Por causa das PEDALADAS FISCAIS. O que seriam as pedaladas fiscais? O governo, apertado nas contas e com índices econômicos negativos, resolveu adotar as PEDALADAS FISCAIS. É o nome dado para a tática que o governo teria usado para cumprir as suas metas fiscais, ou seja, pagar suas dívidas. Isso mesmo: do mesmo jeito que o senhor e a senhora tem dívidas e precisam acertar as contas com os bancos, com o governo acontece a mesma coisa. Então, o Tesouro Nacional teria atrasado repasses para bancos públicos e privados que financiariam despesas do governo, entre eles benefícios sociais e previdenciários, como o Bolsa Família, o abono e seguro-desemprego, e os subsídios agrícolas. Porém, os beneficiários receberam tudo em dia, porque estes bancos acharam que seria mais rentável para seus cofres e menos desgastante politicamente assumir, com recursos próprios, os pagamentos das despesas . E decidiram, assim, aumentar a dívida do Brasil com os bancos ao invés de cortar os repasses.

Se as pedaladas são inconstitucionais ou não, depende mais de apoio político do que de parecer técnico e jurídico. O que isso significa?  
O Tribunal de Contas da União, TCU, entrou com o pedido de impeachment. Este pedido precisa ser aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mas o deputado  Cunha só aceitou quando a cúpula do PT disse que não apoiaria Cunha se ele fosse condenado, permitindo que ele fosse condenado (já que, ao que tudo indica, ele é culpado). E então, abriu-se o processo.
Vejam a situação: Dilma está sendo processada por ato administrativo, ou seja, por má fé e não por corrupção. Já Eduardo Cunha está sendo processado por envolvimento em várias situações de corrupção, participação na Lava-Jato, conta na suíça, etc. Haverá, então uma votação no Congresso e os parlamentares decidirão se apoiarão Eduardo Cunha ou Dilma. Sinceramente, acho muito difícil que a maioria esteja com o Cunha.

CONTEXTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
Mas qual o contexto histórico e geográfico que envolve essa questão do impeachment?
O Brasil é uma instituição política bastante estável (esta estabilidade é reconhecida mundialmente) e a atual disputa política é histórica no país. São a disputa entre agrupamentos políticos que disputam o poder desde o início do século 20: os liberais, os desenvolvimentistas e os socialistas brasileiros.
E os contextos histórico e geográfico?
O contexto é histórico porque vem acontecendo sucessivamente pelo menos desde a década de 1920.
O contexto geográfico se dá porque também há uma disputa territorial que envolve fluxos financeiros e de mercadorias e a inserção do Brasil no cenário internacional. 
Vamos, lá. Simplificando:
O movimento político liberal tem suas origens lá no século 19. Existia uma classe que era a dona da mão de obra escravizada. Eles alugavam, compravam e vendiam essas pessoas para os fazendeiros. Esta mesma classe também facilitava a exportação dos produtos agrícolas e, claro, oferecia o comércio de produtos importados, que iam desde móveis e futilidades até implementos agrícolas e contratos com governos de venda de estradas de ferro e equipamentos para as locomotivas. Quando a mão de obra assalariada passa a ser gradativamente adotada, aí sim essa classe liberal ganha mais autonomia política. Eles passam a ter agências de financiamento para as contratações, aumentando o seu poder institucional. Certamente, os comerciantes tinham laços mais fortes com os produtores mais ricos, que na época, entre 1850 e 1900, eram os cafeicultores de RJ e SP.
Essa aliança entre produtores e comerciantes derrubou a família imperial. E permaneceu no poder até 1930.
Os desenvolvimentistas surgiram na década de 1930. A política liberal estava desgastada porque o preço dos importados subia e a exportação agrícola (de café, principalmente) perdia preço no mercado internacional. Então uma aliança entre oligarquias do Nordeste e do Sul, resumida na figura do gaúcho Getúlio Vargas, tirou os liberais do poder. Os desenvolvimentistas fortaleceram e modernizaram a máquina burocrática brasileira. Os setores-chave da economia foram estatizados para garantir o desenvolvimento da indústria nacional e protege-la contra a desleal concorrência internacional das indústrias inglesas, alemãs e norte-americanas.
A ditadura civil-militar – de 1964 a 1985 – garantiu um desenvolvimentismo que excluiu a classe trabalhadora.
A década de 1990 viu voltar a política liberal liderada, como sempre, pelos políticos do Sudeste (no caso, Itamar e FHC), que voltam a investir na força do comércio de importados, no fortalecimento de agências privadas de financiamento e na diminuição da força do Estado através da privatização dos setores chave (eletricidade, petróleo, minério de ferro, comunicação).
Nos anos 2000 volta a política desenvolvimentista, com o Lula, do PT. Daí a crítica de que o PT abandonou o seu projeto de esquerda. A política capitalista fica entre liberais e desenvolvimentistas. Já o projeto socialista brasileiro pretendia a organização da sociedade civil acima da disputa pelo controle dos meios de produção. Mas, claro, este projeto não tinha força política suficiente. Lula percebeu isso e fez retomar a política desenvolvimentista, mas dessa vez com a participação das centrais sindicais, valorização do salário mínimo, proteção da indústria nacional e aumento da proteção social do Estado. Mas essa aliança desenvolvimentista, embora tenha favorecido as classes trabalhadoras, favoreceu muito as oligarquias e empresas nacionais, porém não sem o componente corrupção absolutamente presente, como em todos os projetos desenvolvimentistas desde a década de 1930.

E então Lula apoiou para sua sucessão uma mulher que não tinha história política firmada no PT e, portanto, não fazia parte dos conchavos com as construtoras nacionais e as oligarquias. Dilma, portanto pretendeu investir num desenvolvimentismo mais técnico, fortalecendo as instituições e diminuindo a influência das oligarquias. Mas não teve apoio político suficiente. Hoje ela está entre um PT corrupto e enfraquecido, de um lado, e os liberais de outro lado – e que querem o fim do desenvolvimentismo – com ou sem o PT. 

Quem esteve no poder no governo brasileiro desde a implementação da república:








LIBERAIS
1889-1930

1945-1950

1990-2002

DESENVOLVIMENTISTAS

1930-1945

1950-1990

2002 até hoje

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O FENÔMENO EL NINÕ

"El Niño", um termo que praticamente todo mundo já ouviu falar. Mas... que fenômeno da natureza é este?

É o nome que se dá para o aquecimento acima do normal da temperatura da água do oceano Pacífico, mais precisamente na zona do Equador, como mostra a elipse na imagem abaixo:



O aquecimento das águas do Pacífico nesta região acarretam um enfraquecimento dos ventos alísios, que vão na direção leste-oeste (a corrente do Peru).




O fenômeno El Niño é considerado normal pelos cientistas, mas a sua intensificação não. Estas alterações climáticas são causadas pelo excesso de emissões de gases poluentes na atmosfera, como o CO2 (gás carbônico) e o gás metano. Estes gases são emitidos tanto pela indústria quanto pelo rebanho bovino (estimado em cerca de 1 bilhão de cabeças em todo o mundo). E, este caso, não podemos esquecer, também, que o oceano Pacífico está entre as maiores zonas industriais do mundo: China e Japão a oeste e os EUA a leste.






Associado a isso, o desmatamento das grandes florestas faz diminuir a evapotranspiração da superfície terrestre, tendo como consequência maiores alterações climáticas: desertificações, chuvas torrenciais, etc. A evapotranspiração ajuda a manter a umidade do ar, que é um componente muito importante na manutenção da temperatura de uma determinada região. Quanto menor a umidade, maiores são as variações de temperatura.

Como consequências do aquecimento do Pacífico, temos:


  • secas severas no Nordeste e diminuição das chuvas nas região Norte do Brasil.
  • No Centro-Oeste o sul, com maior influência do clima sub-tropical está mais chuvoso e o norte com suave diminuição das chuvas. 
  • Na região Sul, há grande aumento na quantidade de chuvas e que causaram, agora na primavera de 2015, prejuízos incalculáveis pelas perdas humanas e pelo deslocamento de população. 
  • Na região Sudeste há sensível aumento da temperatura, mas não necessariamente aumento das chuvas.




Como solução em nível mundial, a ONU tem reunido lideranças políticas anualmente para buscar soluções para diminuição da emissão de gases e do desmatamento, diminuindo o impacto da nossa produção industrial e alimentícia. Um passo importante que já foi dado é o da "responsabilidades comuns, mas diferenciadas", onde os países industrializados reconhecem a sua maior responsabilidade sobre os danos ambientais. O próximo encontro será em Paris, em dezembro de 2015.



imagens:
http://meioambiente.culturamix.com/natureza/ventos-alisios-caracteristicas-gerais
http://www.ilmeteo.it/notizie/el-nino-piu-forte-secole-previsioni-meteo-inverno-neve-gelo-burian-video

sábado, 17 de outubro de 2015

O DÓLAR ALTO E A SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES

Os grupos industriais do Brasil estavam reclamando que a produção de produtos manufaturados (bens de consumo como computadores, geladeira, carro, vestuário, etc.) vem num ritmo tipo jabuti em terra firme, a 0,5 km/h. Pois então, eis o remédio: a alta do dólar.
Para uma indústria crescer e se expandir ou aumentar a produção é necessário um empurrãozinho, seja investimento, empréstimo ou uma super demanda extra (o que for mais acessível e às vezes esses empurrõezinhos se somam também). 



Como a crise internacional não permite nem empréstimos razoáveis nem investimentos vultosos, resta criar a super demanda. E aí vem o preço do dólar.
Com o preço do dólar beirando os R$ 4,00, fica muito caro comprar os manufaturados no exterior e a demanda interna brasileira acaba se voltando para a indústria doméstica. 



O ministro Armando Monteiro publicou que a balança comercial brasileira deve fechar o ano de 2015 com saldo positivo de mais de US$ 15 bilhões e dobrar o resultado no ano que vem. As exportações de manufaturados para os Estados Unidos já registram crescimento de 5% neste ano. 

O nome deste movimento é "SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES". Substituir importações significa substituir pela produção interna, por produtos brasileiros. A alta do dólar como uma ferramenta para impulsionar a produção industrial interna é uma política que começou la na Era Getúlio Vargas, na década de 1930, e foi muito utilizada em outros países da América Latina, como Argentina, Chile e México. 

A política do nacional-desenvolvimentismo vem forte contra o liberalismo! 


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A GLOBALIZAÇÃO OCIDENTAL

A GLOBALIZAÇÃO é Ocidental? E quem é o Ocidente? Não é todo país a oeste de Greenwich? 

Não. A identidade do Ocidente é formada, primariamente, por  EUA, Reino Unido e França, mesmo que haja divergências políticas entre eles.
O resto vem a reboque, com alternância de governos pró-ocidentais e governos mais autônomos, seja na Europa, ou seja na América.



A Globalização é um processo complexo, de mundialização da produção, de padronização de valores e de comportamentos. E como este não pode ser um processo isento, tem a cara do Ocidente.  No Brasil, muitos políticos e dirigentes considerados liberais são a favor da globalização, ou seja, de uma maior internacionalização da nossa economia. Mas aceitam essa interferência dos EUA ou da União Europeia, não da China ou Rússia. E vale lembrar que estes são os "5 policiais do mundo": EUA, Reino Unido, França, China e Rússia (que compõe o Conselho de Segurança da ONU). Somente estes países têm "autorização" para intervir em outro país, caso haja ameaça à segurança internacional




Outro exemplo de que a Globalização é ocidental é o sistema financeiro: os sistemas financeiros internacionais são formados praticamente 100% de instituições ocidentais, sendo que FMI e Banco Mundial nunca foram dirigidos por sul-americanos, africanos ou asiáticos. Recentemente os países do BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) fundaram um banco de financiamento internacional com o objetivo de complementar os sistemas já existentes, o Novo Banco Desenvolvimento (NDB).

A globalização não é algo que já aconteceu, é um processo que vem acontecendo e seguirá acontecendo por muitas décadas e muitos conflitos acontecerão em função destes choques de civilizações e de culturas diferentes. A ocidentalização da globalização vem diminuindo seu ritmo de crescimento, mas ainda é cedo para avaliarmos a atuação do NDB e dos BRICS nas relações internacionais e o seu peso no processo de globalização. Porém, essa diversificação na balança de poder é um processo irreversível. 



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A mecanização da produção agrícola e suas permanentes consequências

A Revolução Verde foi o processo de mecanização e a aplicação de novos fertilizantes e pesticidas na produção de grãos para a exportação (principalmente a soja) a partir da década de 1960. Esse grande aumento da produtividade ajudou a devastar diversos biomas brasileiros - entre eles os campos sulinos, o pantanal, cerrado e amazônia. E até hoje a expansão agrícola segue diminuindo as áreas de mata nativa, como se pode ver em relatório recente publicado pelo IBGE.Ela é responsável por 68,0% dos avanços em áreas florestais e áreas florestais mistas e 66,0% das mudanças nas pastagens naturais e campestres mistas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

JUVENTUDE NEGRA

Pablo Escobar, colombiano, maior narcotraficante da história da América do Sul, foi assassinado em 1993. Outro dia vi um breve documentário sobre quem teria matado Escobar, se a polícia ou outro grupo de narcotraficantes. O nó da questão estava no quanto a polícia precisou se envolver com outros grupos criminosos para resolver a questão de Escobar. E não era só a polícia colombiana, era também a americana - a CIA.

O ponto a que quero chegar é que entre as polícias, o grupo de Pablo e o outro grupo de narcotraficantes, havia a população, morrendo gratuitamente aos milhares nessa guerra. Pablo Escobar morreu e o narcotráfico continuou firme e forte, organizado de outra maneira. E a guerra "Estado X Narcotráfico" cresceu no restante da década de 1990, e continuava mantendo o resto da população colombiana refém. Muitos inocentes foram mortos e não era apenas entre os mais pobres. Ataques terroristas com bombas explodindo prédios e locais públicos era frequente.

Aqui no Brasil acontece de igual maneira nas favelas e bairros mais pobres de grandes e médias cidades, ou no interior do Brasil, na rota do tráfico internacional. Existe uma guerra entre o Estado e o tráfico de drogas. Os donos do tráfico querem manter seu poder e seus negócios na América Latina. O Estado quer diminuir esse poder e controlar o fluxo dessas substâncias. Essa guerra se trava nas favelas, onde os jovens são recrutados tanto como soldados da polícia quanto como soldados do tráfico (o que, claro, é muito pior). Ambos morrem. Oxalá nem todos. Mas o estado de guerra não permite que a maioria dos que sobrevivem prosperem.

Mas os que conseguem prosperar carregam a esperança de que isso vai mudar.

E eu acredito na prosperidade da população brasileira.

Aqui vai o poema escrito pelo  Jorge Terra, Procurador do Estado do Rio Grande do Sul,.

https://jorgeterra.wordpress.com/2015/09/12/outras-formas-de-falar/

JUVENTUDE NEGRA

A polícia chega
e inseguro fico.
Ando pelas ruas chuvosas
sentindo calor e medo.
Ando apressado
e não vejo ninguém.
Seria romântico o escuro
se não fosse a falta de luz.
Ando pelas ruas chuvosas
sem poder crer
que será diferente amanhã.
Uns dizem me respeitar,
outros até me ofendem,
mas a força está em mim
e eu vou superar.
Minha causa rende votos
então há falas bonitas
e gestos que parecem amistosos.
Uns gritam por mim
até conseguirem sustento.
Mas eu sou maior do que isso,
não sou relógio,
eu sou o tempo

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A POLÍTICA EXTERNA DE BARACK OBAMA

Barak Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos em 2009. Ele defendia a retirada das tropas do Iraque e a diminuição das intervenções militares nos países do Oriente Médio e norte da África. 2009 foi também o ano seguinte ao da maior crise dos EUA desde as duas crises do petróleo na década de 1970. Ou seja, não tinha dinheiro para manter a presença massiva do exército e da aeronáutica na região. Não teve outra saída: diminuiu sensivelmente os efetivos militares e passou a pensar duas vezes antes de se meter em outras encrencas. Obama evitou, por exemplo, dar ouvidos ao Primeiro-Ministro iraquiano, Nouri al-Malik, que pedia a intervenção estadunidense para evitar protestos civis e o fortalecimento da oposição. 

A conclusão de Obama é que as intervenções militares sem o amadurecimento político não tem ajudado a fortalecer a democracia na região. Acho que especialistas de relações internacionais do mundo inteiro desconfiavam disso. Mas não nos EUA. A próxima administração da Casa Branca deve voltar a aumentar os efetivos militares no Oriente Médio e no norte da África, aumentando a violência.


Países onde aconteceram a Primavera Árabe (entre 2010 e 2011) e a intensidade das manifestações

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

REFUGIADOS CLIMÁTICOS

Me chamou muito a atenção uma reportagem na revista Le Monde Diplomatique chamada "Os conflitos climáticos". Muito geográfico!
O artigo era sobre como uma seca no leste chinês  e o aquecimento global poderiam ter influenciado as revoltas no Oriente Médio - entre 2010 e 2011 - conhecidas como Primavera Árabe. O aumento da temperatura média global tem gerado o deslocamento de chuvas e desertificação em áreas com chuvas já escassas. De 2006 a 2010, na região que compreende o Iraque, Síria, Líbano, Israel e Jordânia, houve uma grande seca e que quebrou boa parte da produção agrícola. Isso fez com que dezenas de milhares de camponeses se deslocassem para as cidades em busca de sobrevivência, aumentando as tensões urbanas, o desemprego, a pobreza e provocando a insatisfação contra os governos locais.


A SECA NO LESTE CHINÊS E O PÃOZINHO NO EGITO

http://extremes-fdksyn.blogspot.com.br/2012/03/maior-tempestade-de-areia.html
A China é o segundo país com a maior população do mundo, com mais de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes. Agora imagine a demanda por trigo de parte dessa população! Em 2010 o fenômeno climático El Ninõ fez chegar um grande período de seca na região de produção de trigo na China. Como fazer pão então? Buscando no mercado internacional! E isso fez com que o preço do trigo no mercado internacional dobrasse, passando de U$ 1, 27 para U$ 3,00. O Egito é o maior comprador de trigo do mundo, ou seja, praticamente todos os pãezinhos produzidos no seu território são feitos de trigo importado. Como o preço do trigo duplicou, o do pãozinho triplicou! Seca na China, fome no Egito. Revolta dos egípcios contra o governo de Hosni Mubarak. 


As mudanças climáticas globais têm alterado os ciclos produtivos do planeta e deslocamentos em massa em função disso vêm acontecendo, segundo o IPCC (Painel da ONU sobre mudanças climáticas).

Porém, os órgãos oficiais que tratam de refugiados têm se negado a chamá-los de 'refugiados climáticos', afirmando que não se têm dados precisos sobre o motivo do deslocamento das pessoas. 

E precisa mais?





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A ROTA DA MIGRAÇÃO PARA A EUROPA

Sabe-se que o que gera o deslocamento em massa de milhares e (às vezes milhões) de pessoas é o flagelo da guerra (civil ou entre países), a miséria, fome, etc. A guerra civil na Síria e na Líbia tem gerado a emigração de centenas de milhares de pessoas em direção à Europa. A BBC, jornal da Inglaterra, noticiou, dia 31/08/2015, as principais rotas migratórias da África para a Europa, comparando a quantidade de migrantes do ano de 2014 com o primeiro semestre de 2015.

link da foto: http://www.unhcr.org/55d74aef6.html 



A maioria dos emigrantes segue a rota através do sul da Itália, onde a quantidade de pessoas emigrando tem se mantido estável do ano passado para cá.

Já a entrada pela Hungria, a segunda maior rota, teve o registro de cerca de 50 mil pessoas em 2014 e já está em mais de 130 mil este ano! E o que chama mais a atenção são as condições miseráveis dessas pessoas.

O objetivo da maioria dos migrantes é atingir a Hungria, que faz parte do Espaço Schengen, que são o conjunto de países da União Europeia (menos Inglaterra e Irlanda) onde se pode atravessar a fronteira sem a necessidade de apresentar documentos e comprovar sua origem. Teoricamente, lá eles teriam mais liberdade e empregos melhores. Mas também existem restrições legais quanto a entrada e permanência de imigrantes mesmo nos países que assinaram o Tratado Schengen.

Enfim, o tema da migração é um tema sensível que não pode ser tratado apenas tecnicamente. O Brasil tem recebido também imigrantes de diversas localidades e eles nem sempre têm sido bem recebidos aqui. Como se nossa sociedade não fosse praticamente toda formanda por pessoas vindas de outros continentes.

 


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CIDADÃOS DE PRIMEIRA!!

Nas grandes cidades há diversas camadas de cidadania. Existe o cidadão que pode usufruir de toda a metrópole e existe o cidadão que pode usufruir apenas parte dela, como se fosse uma cidade pequena. Moro no bairro Cristal, zona sul de Porto Alegre, um bairro a menos de 10 minutos - de carro - até o centro da cidade. Outro dia eu estava voltando de um dos colégios onde dou aula e uma pessoa na rua na péssima condição de mendicância e que volta e meia eu ajudo, me cumprimentou e perguntou:

- Sabe há quanto tempo eu não vou ao Centro? Sabe há quanto tempo não saio do Cristal? Faz mais de 2 anos!

- Mas por que?

- Tem tudo que eu preciso aqui. E se eu sair a polícia me incomoda.

Fiquei então repensando o espaço das cidades. O espaço da cidadania. No livro do Milton Santos (O Espaço do Cidadão) tem o capítulo Território e Cidadania, onde ele indaga, para quem é real a rede urbana?

A resposta é que os serviços urbanos - públicos e privados - são localizados pela lei da oferta e demanda, ou seja, os melhores serviços são para quem paga mais. Assim, a localização das pessoas em território urbano é produto da combinação entre forças de mercado e ações de governos.

O local determina o valor da pessoa.

E da mesma maneira que uma cidade tem este tipo de ordenamento de cidadania, em escala nacional acontece o mesmo. Os melhores serviços, públicos e privados, são ofertados nas cidades mais ricas: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O DIREITO A UM FINANCIAMENTO AMPLO, POPULAR E JUSTO!

POR QUE NÃO DEVEMOS SER APOLÍTICOS? 



Você pode não gostar do PT, mas a política não pode ser feita apenas por grandes empresários. Tem que ter participação dos trabalhadores, de quem vive de salário. Se não gostam do Lula e da Dilma que sejam outros. Se não gostam do PT que venha outro que represente melhor os trabalhadores. Mas a política no Brasil não pode ser feita somente por grandes empresários e fazendeiros!

A classe empresarial não vive apenas de lucros e reinvestimentos destes lucros. Vive, principalmente, de financiamento público. Então quando um governo nega financiamento público para pessoas físicas com renda média e baixa (até uns 4 ou 5 mil), está negando um direito básico que é a partilha dos impostos. Ora, se o dinheiro não vem para essa parcela da população, significa que está indo apenas para grandes empresários, banqueiros e fazendeiros. Ou seja, os donos da política. Então, para uma pessoa sem posses ter acesso a crédito para comprar uma casa em 4 ou 5 anos, é preciso haver uma ampla transferência de renda dos grandes empresários para os pequenos e médios. E uma ampla transferência de renda através de uma supervalorização do salário. E é impossível haver essa transferência de renda sem ser por meios de uma maciça presença desses setores (pequenos e médios empresários, sindicalistas, intelectuais) na política.

sábado, 15 de agosto de 2015

INDUSTRIALIZAÇÃO - Como começou o processo industrial no Brasil?

Quando o Brasil tornou-se República, em 1889, nossa economia era agrária e extrativista. A economia chefe era a plantação de café. Até 1930 não existia uma preocupação maior em industrializar o país, até que a Grande Crise de 1929, fez tornar mais clara a situação de que a economia de um país deveria diversificar-se o máximo possível e em direção ao processo de industrialização.

Mas como fazer?

O Brasil vinha se industrializando desde 1850, quando parte do lucro do café estava sendo revertido para melhorar a produtividade do próprio café, com a compra de novas tecnologias agrícolas, como arados sem tração animal, produtos químicos e a implantação de ferrovias. Diversas feiras agrícolas eram realizadas anualmente para se vender e atrair essas tecnologias produzidas na Europa e nos EUA. Essa grande importância econômica fez com que os grandes dirigentes políticos do país fossem ligados,direta ou indiretamente, aos produtores de café.


Mas na década de 1930, após a Grande Depressão, a crise atingiu em cheio o preço do café,baixando-o em cerca da metade do preço que vinha sendo vendido. Para fugir da crise se exigia uma diversificação da produção. E a política do Brasil passou a ser, também, incentivar quem quisesse ter ou aumentar a produção de produtos industrializados. Como a mecanização do café fez aumentar as cidades e a população urbana, já tínhamos um pequeno grupo de famílias (em sua grande maioria imigrantes europeus) em São Paulo  que produzia artigos básicos como velas, roupas e tecidos. A partir dessa formação que se vai incentivar a produção industrial a partir de uma política conhecida como SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES.

a Substituição de Importações consistia em aumentar a tarifa de produtos importados, tornando-os mais caros. Ao mesmo tempo, diminuir as taxas de importação de máquinas, deixando-as mais baratas. Dessa maneira, valia a pena produzir outros produtos industrializados para serem consumidos no nosso país, já que o mercado interno vinha aumentando. A partir daí o café foi passando a não ser mais o principal produto da economia brasileira (o que aconteceu efetivamente a partir de 1960) e não mais dependiam só dele a estrutura política do país.

domingo, 9 de agosto de 2015

Brasil colonialista X Brasil próspero

Que Rio Grande do Sul queremos? Que Brasil queremos?

O Governo do PMDB, no Rio Grande do Sul, tem tomado medidas bastante radicais recentemente. Corte de salários do funcionalismo público, fechamento de fundações e órgãos ambientais, ameaças de privatizações, etc.

Extraído do site http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=3721 em 09/08/2015.O Estado nunca é mínimo. Ou existe algum Estado mais forte que os EUA? O Estado mínimo que a política do PMDB preconiza é mínimo em participação social. Mas do ponto de vista do exército (das Forças Armadas), da polícia, do judiciário, de um sistema religioso (cristão), do sistema de financiamento de indústrias e do agronegócio, o Estado precisa ser forte.

O Estado não lucra, logo ele realoca recursos. Então, para onde iria o dinheiro extra que está sendo gasto? Vai para pagar a dívida (teoricamente). E depois? Será para reforçar as instituições acima citadas.

Observem as estruturas colonialistas de formação da economia, do Estado, dos políticos... é óbvio que a tentativa é de mantê-las intactas.

A leitura que faço é que hoje, é que como a nossa indústria não é apenas de base, para economia industrial um mercado interno fortalecido
Primeiro, qual o tamanho que a classe trabalhista pode ter (pois é ela que, através da política busca a valorização salarial, que é o que fomenta o mercado interno).
Segundo, um choque de civilizações: os imigrantes, os negros, os indígenas. Mas isso não no aspecto cultural (apenas), mas na distribuição de propriedades: que tipo de status deve se dar às terras quilombolas e terras indígenas? Por que não seguir o modelo de distribuição de terras dadas aos imigrantes?

O Brasil só vai avançar quando essas questões forem resolvidas. As estruturas coloniais estão aí, mesmo com as suas contradições.
favorece muito mais do que essa economia simplista de exportação. Mas o fortalecimento desse mercado interno enfrenta dois desafios: