Nas grandes cidades há diversas camadas de cidadania. Existe o cidadão que pode usufruir de toda a metrópole e existe o cidadão que pode usufruir apenas parte dela, como se fosse uma cidade pequena. Moro no bairro Cristal, zona sul de Porto Alegre, um bairro a menos de 10 minutos - de carro - até o centro da cidade. Outro dia eu estava voltando de um dos colégios onde dou aula e uma pessoa na rua na péssima condição de mendicância e que volta e meia eu ajudo, me cumprimentou e perguntou:
- Sabe há quanto tempo eu não vou ao Centro? Sabe há quanto tempo não saio do Cristal? Faz mais de 2 anos!
- Mas por que?
- Tem tudo que eu preciso aqui. E se eu sair a polícia me incomoda.
Fiquei então repensando o espaço das cidades. O espaço da cidadania. No livro do Milton Santos (O Espaço do Cidadão) tem o capítulo Território e Cidadania, onde ele indaga, para quem é real a rede urbana?
A resposta é que os serviços urbanos - públicos e privados - são localizados pela lei da oferta e demanda, ou seja, os melhores serviços são para quem paga mais. Assim, a localização das pessoas em território urbano é produto da combinação entre forças de mercado e ações de governos.
O local determina o valor da pessoa.
E da mesma maneira que uma cidade tem este tipo de ordenamento de cidadania, em escala nacional acontece o mesmo. Os melhores serviços, públicos e privados, são ofertados nas cidades mais ricas: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Abaixo um mapa extraído do site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostra a rede urbana brasileira, com a sua hierarquia de cidades.
O assunto da Geografia Urbana está só começando! ;)
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