segunda-feira, 14 de setembro de 2015

JUVENTUDE NEGRA

Pablo Escobar, colombiano, maior narcotraficante da história da América do Sul, foi assassinado em 1993. Outro dia vi um breve documentário sobre quem teria matado Escobar, se a polícia ou outro grupo de narcotraficantes. O nó da questão estava no quanto a polícia precisou se envolver com outros grupos criminosos para resolver a questão de Escobar. E não era só a polícia colombiana, era também a americana - a CIA.

O ponto a que quero chegar é que entre as polícias, o grupo de Pablo e o outro grupo de narcotraficantes, havia a população, morrendo gratuitamente aos milhares nessa guerra. Pablo Escobar morreu e o narcotráfico continuou firme e forte, organizado de outra maneira. E a guerra "Estado X Narcotráfico" cresceu no restante da década de 1990, e continuava mantendo o resto da população colombiana refém. Muitos inocentes foram mortos e não era apenas entre os mais pobres. Ataques terroristas com bombas explodindo prédios e locais públicos era frequente.

Aqui no Brasil acontece de igual maneira nas favelas e bairros mais pobres de grandes e médias cidades, ou no interior do Brasil, na rota do tráfico internacional. Existe uma guerra entre o Estado e o tráfico de drogas. Os donos do tráfico querem manter seu poder e seus negócios na América Latina. O Estado quer diminuir esse poder e controlar o fluxo dessas substâncias. Essa guerra se trava nas favelas, onde os jovens são recrutados tanto como soldados da polícia quanto como soldados do tráfico (o que, claro, é muito pior). Ambos morrem. Oxalá nem todos. Mas o estado de guerra não permite que a maioria dos que sobrevivem prosperem.

Mas os que conseguem prosperar carregam a esperança de que isso vai mudar.

E eu acredito na prosperidade da população brasileira.

Aqui vai o poema escrito pelo  Jorge Terra, Procurador do Estado do Rio Grande do Sul,.

https://jorgeterra.wordpress.com/2015/09/12/outras-formas-de-falar/

JUVENTUDE NEGRA

A polícia chega
e inseguro fico.
Ando pelas ruas chuvosas
sentindo calor e medo.
Ando apressado
e não vejo ninguém.
Seria romântico o escuro
se não fosse a falta de luz.
Ando pelas ruas chuvosas
sem poder crer
que será diferente amanhã.
Uns dizem me respeitar,
outros até me ofendem,
mas a força está em mim
e eu vou superar.
Minha causa rende votos
então há falas bonitas
e gestos que parecem amistosos.
Uns gritam por mim
até conseguirem sustento.
Mas eu sou maior do que isso,
não sou relógio,
eu sou o tempo

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A POLÍTICA EXTERNA DE BARACK OBAMA

Barak Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos em 2009. Ele defendia a retirada das tropas do Iraque e a diminuição das intervenções militares nos países do Oriente Médio e norte da África. 2009 foi também o ano seguinte ao da maior crise dos EUA desde as duas crises do petróleo na década de 1970. Ou seja, não tinha dinheiro para manter a presença massiva do exército e da aeronáutica na região. Não teve outra saída: diminuiu sensivelmente os efetivos militares e passou a pensar duas vezes antes de se meter em outras encrencas. Obama evitou, por exemplo, dar ouvidos ao Primeiro-Ministro iraquiano, Nouri al-Malik, que pedia a intervenção estadunidense para evitar protestos civis e o fortalecimento da oposição. 

A conclusão de Obama é que as intervenções militares sem o amadurecimento político não tem ajudado a fortalecer a democracia na região. Acho que especialistas de relações internacionais do mundo inteiro desconfiavam disso. Mas não nos EUA. A próxima administração da Casa Branca deve voltar a aumentar os efetivos militares no Oriente Médio e no norte da África, aumentando a violência.


Países onde aconteceram a Primavera Árabe (entre 2010 e 2011) e a intensidade das manifestações

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

REFUGIADOS CLIMÁTICOS

Me chamou muito a atenção uma reportagem na revista Le Monde Diplomatique chamada "Os conflitos climáticos". Muito geográfico!
O artigo era sobre como uma seca no leste chinês  e o aquecimento global poderiam ter influenciado as revoltas no Oriente Médio - entre 2010 e 2011 - conhecidas como Primavera Árabe. O aumento da temperatura média global tem gerado o deslocamento de chuvas e desertificação em áreas com chuvas já escassas. De 2006 a 2010, na região que compreende o Iraque, Síria, Líbano, Israel e Jordânia, houve uma grande seca e que quebrou boa parte da produção agrícola. Isso fez com que dezenas de milhares de camponeses se deslocassem para as cidades em busca de sobrevivência, aumentando as tensões urbanas, o desemprego, a pobreza e provocando a insatisfação contra os governos locais.


A SECA NO LESTE CHINÊS E O PÃOZINHO NO EGITO

http://extremes-fdksyn.blogspot.com.br/2012/03/maior-tempestade-de-areia.html
A China é o segundo país com a maior população do mundo, com mais de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes. Agora imagine a demanda por trigo de parte dessa população! Em 2010 o fenômeno climático El Ninõ fez chegar um grande período de seca na região de produção de trigo na China. Como fazer pão então? Buscando no mercado internacional! E isso fez com que o preço do trigo no mercado internacional dobrasse, passando de U$ 1, 27 para U$ 3,00. O Egito é o maior comprador de trigo do mundo, ou seja, praticamente todos os pãezinhos produzidos no seu território são feitos de trigo importado. Como o preço do trigo duplicou, o do pãozinho triplicou! Seca na China, fome no Egito. Revolta dos egípcios contra o governo de Hosni Mubarak. 


As mudanças climáticas globais têm alterado os ciclos produtivos do planeta e deslocamentos em massa em função disso vêm acontecendo, segundo o IPCC (Painel da ONU sobre mudanças climáticas).

Porém, os órgãos oficiais que tratam de refugiados têm se negado a chamá-los de 'refugiados climáticos', afirmando que não se têm dados precisos sobre o motivo do deslocamento das pessoas. 

E precisa mais?