“Quando dou comida aos pobres,
dizem que sou santo; quando pergunto por que são pobres, me chamam de comunista”.
Palavras de Dom Hélder Câmara, arcebispo de Recife, nos anos 1960.
A miséria do continente, com milhões
de pessoas morrendo de fome e de sede provocaram a radicalização de um grande
número de cristãos, assim como de certo membros da alta hierarquia da Igreja Católica latino-americana.
Em 1968, um jovem padre teólogo peruano, Gustavo Gutiérrez,
apresentou um relatório sobre a “teologia do desenvolvimento”. Ele afirmava que
o continente era vítima do “neocolonialismo”, do “imperialismo internacional do
dinheiro” e do “colonialismo interno”. Esse relatório marcou o ato de
nascimento da “TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO”, que era uma leitura engajada do
Evangelho.
Porém, o medo de um comunismo
ateu falou mais alto e, em 1967, a Igreja Católica Apostólica Romana declarou
seu apoio ao chamado “clero progressista” - que era contrário aos adeptos
da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO. Gutiérrez afirmava que ao lado do pecado pessoal existia um pecado estrutural, ou seja, uma organização da sociedade e da economia que causam o sofrimento, a miséria e a morte.
No campo, nos bairros populares e nas periferias de toda a América Latina, uma geração de membros do clero se engajou concreta e politicamente ao lado dos mais desfavorecidos, como o Dom Hélder Câmara, arcebispo de Recife.
SITUAÇÃO NO BRASIL
As Ligas Camponesas
O Brasil, entre 1950 e 1964, foi caracterizado pelo intenso crescimento urbano e uma rápida industrialização. ´Ao fim da II Guerra Mundial, o mercado internacional de produtos agrícolas e a pecuária aumentaram muito, supervalorizando o preço da terra, o que fez com que os fazendeiros fossem expulsando os camponeses. Porque agora era um excelente negócio vendê-la, o que, até meados da década de 1940, não valia a pena. Além disso, a mecanização da produção diminuiu drasticamente a utilização da mão-de-obra nas fazendas, empurrando os camponeses analfabetos para as periferias das grandes cidades.
Neste contexto, em 1955, começaram a surgir as Ligas Camponesas. Surgiram ligas de vários pontos do país, sobretudo no Nordeste. As ligas lutavam contra a expulsão da terra e contra o aumento do preço dos arrendamentos.
A Igreja Católica
Lembrando que o contexto da Guerra Fria, entre 1945 e 1989, ou se alinhavam com os EUA ou se alinhavam com a URSS - com exceções, mas não no continente americano. Alguns setores da Igreja combatiam o comunismo, mas reconhecia-se que o sistema capitalista estava criando problemas brutais e uma massa de miseráveis e, com isso, empurrando os pobres para o comunismo.
A Igreja, então,se dividiu em diversas posições, indo do ultraconservadorismo às aberturas à esquerda representadas pela Juventude Universitária Católica (JUC) . Na América Latina, os países mais resistentes às organizações das massas pobres eram: Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. E foram nestes países que começaram a denunciar uma "infiltração marxista na Igreja", a partir de 1973.
Entre os adeptos da Teologia da Libertação, estavam o Padre Jorge Mário Bergoglio, o atual Papa Francisco. E, no Brasil, um grande nome adepto dessa corrente era o Padre Leonardo Boff, amigo do já citado Dom Hélder Câmara. Em 1978 assume Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, que se isentou de investigar os crimes cometidos pelas ditaduras militares.
Em 1981, por indicação de João Paulo II, o Padre Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI) se tornou delegado da Congregação pela Doutrina da Fé - a antiga Inquisição - e passou a "caçar" os adeptos da Teologia da Libertação. Em 1985, o Padre Leonardo Boff foi proibido pela Igreja de Ratzinger e Wojtyla de ensinar e de dar declarações políticas públicas. Dom Hélder Câmara foi convidado a se afastar de seu cargo em Recife. E muitos outros foram sumariamente punidos. Tempos depois, em 1998, João Paulo II deu a comunhão ao casal Pinochet, ditadores do Chile entre 1973 e 1990, quando estes estavam em Londres.
ENTÃO...
o Papa Francisco, primeiro Jesuíta e primeiro latino-americano a ser papa em toda a história, está inserido no contexto em que os líderes que lutaram contra as ditaduras militares são hoje presidentes, juntando-se a dupla Lula-Dilma, Evo Morales (da Bolívia), Hugo Chávez (mesmo com a sua morte, seu movimento político está muito vivo na Venezuela), José Mujica (do Uruguai), e outros ainda.
A Igreja, com o Papa Francisco, deve se alinhar com esses líderes "de esquerda", voltando suas política muito mais para o continente americano do que para a Europa. Há uma grande expectativa de que esse movimento diminua e até acabe com a fome e a miséria de nossos países americanos e, quem sabe, até do mundo.
A Igreja Católica
Lembrando que o contexto da Guerra Fria, entre 1945 e 1989, ou se alinhavam com os EUA ou se alinhavam com a URSS - com exceções, mas não no continente americano. Alguns setores da Igreja combatiam o comunismo, mas reconhecia-se que o sistema capitalista estava criando problemas brutais e uma massa de miseráveis e, com isso, empurrando os pobres para o comunismo.
A Igreja, então,se dividiu em diversas posições, indo do ultraconservadorismo às aberturas à esquerda representadas pela Juventude Universitária Católica (JUC) . Na América Latina, os países mais resistentes às organizações das massas pobres eram: Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. E foram nestes países que começaram a denunciar uma "infiltração marxista na Igreja", a partir de 1973.
Entre os adeptos da Teologia da Libertação, estavam o Padre Jorge Mário Bergoglio, o atual Papa Francisco. E, no Brasil, um grande nome adepto dessa corrente era o Padre Leonardo Boff, amigo do já citado Dom Hélder Câmara. Em 1978 assume Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, que se isentou de investigar os crimes cometidos pelas ditaduras militares.
Em 1981, por indicação de João Paulo II, o Padre Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI) se tornou delegado da Congregação pela Doutrina da Fé - a antiga Inquisição - e passou a "caçar" os adeptos da Teologia da Libertação. Em 1985, o Padre Leonardo Boff foi proibido pela Igreja de Ratzinger e Wojtyla de ensinar e de dar declarações políticas públicas. Dom Hélder Câmara foi convidado a se afastar de seu cargo em Recife. E muitos outros foram sumariamente punidos. Tempos depois, em 1998, João Paulo II deu a comunhão ao casal Pinochet, ditadores do Chile entre 1973 e 1990, quando estes estavam em Londres.
ENTÃO...
o Papa Francisco, primeiro Jesuíta e primeiro latino-americano a ser papa em toda a história, está inserido no contexto em que os líderes que lutaram contra as ditaduras militares são hoje presidentes, juntando-se a dupla Lula-Dilma, Evo Morales (da Bolívia), Hugo Chávez (mesmo com a sua morte, seu movimento político está muito vivo na Venezuela), José Mujica (do Uruguai), e outros ainda.
A Igreja, com o Papa Francisco, deve se alinhar com esses líderes "de esquerda", voltando suas política muito mais para o continente americano do que para a Europa. Há uma grande expectativa de que esse movimento diminua e até acabe com a fome e a miséria de nossos países americanos e, quem sabe, até do mundo.
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