O mundo inteiro está em recessão
econômica. Em 2015, apenas os EUA tiveram crescimento econômico pouco acima de
0% e mesmo assim, lá o desemprego segue alto – maior que nas economias que não
cresceram. E analistas estadunidenses temem em especial que a contração
econômica na Ásia possa gerar certo caos na geopolítica do continente. Hoje, a
estabilidade das fronteiras e das relações entre os países está relativamente
estável, mas sempre foram regiões de grande fragilidade nas relações entre os
países.
A Rússia é o maior país do mundo e as suas fronteiras vão da Europa Central até o extremo oriente. Quando foi governada pelos soviéticos, até a década de 1990, a Rússia sustentava os laços com as lideranças soviéticas de outros países com a compra de matérias-primas para sua alta tecnologia militar (ferro, cobre, carvão, petróleo e gás), alguns bens de consumo manufaturados e de produtos agrícolas para alimentação de sua população (trigo, carne, aveia). Porém, na década de 1980 as lideranças soviéticas começavam a enfraquecer suas relações políticas em razão da crise econômica que se abatia sobre o mundo. Assim, como a elite soviética de Moscou, capital da Rússia, estava atropelando os aspectos econômicos em prol das relações políticas, uma hora a bolha estourou e logicamente logo passaram a comprar muito menos matérias-primas de seus parceiros.
Essa crise fazia crescer a oposição ao governo central soviético e a alternativa para esses grupos era, obviamente, se alinhar às instituições ocidentais capitalistas (como FMI, Banco Mundial). Como a economia ocidental estava melhor organizada, supunha-se que uma abertura do mercado melhoraria a economia dos países soviéticos. Mas Moscou não aceitava esse alinhamento. Em 1991, a União Soviética dissolveu-se e tornou-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Em alguns países, como a Tchecoslováquia, a unificação já não fazia sentido e as regiões tornaram-se independentes, nascendo a República Tcheca e a Eslováquia dois anos depois do fim da URSS, em 1993. Os países do leste europeu e do centro da Ásia foram abrindo, aos poucos, seus mercados para as empresas dos países ocidentais, como França Suécia, Inglaterra, EUA. Isso significava receber os produtos tecnológicos produzidos por esses países e a possibilidade de vender suas matérias-primas para outras nações, diversificar os seus clientes. Mas a expansão destas empresas transacionais do bloco ocidental durante a década de 1990, não correspondeu à expectativa econômica esperada pelos países da ex-União Soviética. E em 2000 o agente da inteligência russa, Vladimir Putin, foi eleito presidente.
PROSPERIDADE ECONÔMICA – parte da década de 2000, mais precisamente até o ano de 2008, foi de grande prosperidade econômica mundial. O forte ritmo da produção industrial demandava uma grande quantidade de matérias-primas como petróleo, gás, ferro, cobre, silício, algodão. Isso beneficiou muito as economias dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia África do Sul) e do Oriente Médio. A maneira encontrada pelo governo Putin de trazer novamente para a esfera russa os países da ex-União Soviética, foi através de projetos faraônicos de dutos de petróleo e gás, ajudando os políticos vizinhos com ajuda em operações de inteligência e comprando parte da mídia local. E, claro, para proteger todos estes investimentos, foi montada uma forte presença militar.
Porém, desde a crise deflagrada
em 2008 que a Rússia vem demonstrando manobras militares mais ousadas. Em 2008
invadiram a Geórgia para anexar a região da Ossétia e em 2014 anexaram a
Criméia, iniciando uma guerra no leste ucraniano. Em 2015, intensificaram o
apoio militar ao regime de Bashar Al-Assad na guerra civil que vem ocorrendo na
Síria. O problema é que o apoio tem sido atingir os territórios inimigos ao
regime com ataques aéreos indiscriminados, intensificando a miséria e a
migração das populações não militantes.
OTAN X PACTO DE VARSÓVIA – alguns
países da ex-URSS (e consequentemente pertencentes à Aliança Militar do Pacto
de Varsóvia) se aproximaram e firmaram aliança militar com a Organização do
Tratado do Atlântico Norte. A questão é que na região dos Bálcãs e do leste
europeu existe uma grande quantidade de população russa e católica ortodoxa (a
principal religião na Rússia) e isso justifica a presença militar russa para
proteger seus cidadãos, interesses e negócios. Mas existem já algumas
resistências oficiais contra os abusos das autoridades russas e como a União
Europeia está sendo pouco incisiva, tais países estão apelando para uma maior
presença militar norte-americana. São países como a Polônia e países da
Escandinávia (Dinamarca, Suécia e Noruega) que estudam formar uma aliança e o Grupo Visegrad – formado pela República
Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia. Mas a Rússia respondeu com o anúncio de
um grande investimento, o “Nord Stream 2”,
um gasoduto que atravessaria da Rússia a Europa Central, fornecendo gás tambémpara
a Europa Ocidental, aumentando a tensão entre pró-russos e pró-ocidentais.
O EUA tem se mantido à parte do
conflito, mas bastante atento. A EU tem evitado maiores atritos com os russos,
mas se a crise econômica persistir, diminuindo a legitimidade do governo Putin,
é possível que os Russos percam o controle sobre as áreas conflituosas tanto no
leste europeu quanto na Ásia Central, onde diversos governos autocráticos
pró-russos estão enfraquecendo. Esperamos que não se repita a guerra civil
balcânica que deixou mais de 100 mil mortos na década de 1990 e que opôs
cristãos católicos, cristãos ortodoxos, muçulmanos, eslavos e gregos e que nem
a OTAN nem a ONU conseguiram resolver.